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Q U A R T O   D E   S A N T O

S A I N T ' S   R O O M

Em minha infância e adolescência, quando morava na periferia de Salvador, na comunidade de Alagados, perdi muitos amigos assassinados na chamada guerra às drogas no Brasil (ainda em curso no país). Se você é um homem negro no Brasil e conseguiu ultrapassar os 29 anos, você é um sobrevivente de um plano de extermínio da população negra.

No ano de 2015, em Salvador, no bairro do Cabula, 12 jovens negros foram assassinados por policiais do Estado da Bahia. Nenhum dos jovens era bandido ou tinha passagem pela polícia e mesmo que tivessem, a chacina era injustificada. O ataque policial foi uma revanche para com o próprio bairro, pois numa outra ação policial no Cabula (possivelmente na noite anterior), um dos oficiais tinha sido baleado no confronto com traficantes. Todos os policiais foram absolvidos. O caso da chacina seria federalizado, mas um dos impedimentos foi o golpe de 2016 contra o governo de Dilma Rousseff. Hoje, o governo de Jair Bolsonaro, que apoia o genocídio da população negra no Brasil, é um desses impedimentos.  

Meu objetivo é criar uma instalação artística com 12 quartos, um para cada um desses jovens, falando de como viveram, não de como morreram, não sobre a chacina, através da estrutura do oríkì. Lembrando que o oríkì é a saudação de uma existência, de uma consciência, presenças negras. A ideia de quarto de santo vem de como na religião afro-brasileirra, candomblé, se saúda os ancestrais e orixás. Meu objetivo é deslocar essas existências de números para vidas. São eles: Adriano de Souza Guimarães, 21 anos; Jeferson Pereira dos Santos, 22, João Luís Pereira Rodrigues, 21, Bruno Pires do Nascimento, 19, Vitor Amorim de Araújo, 19; Tiago Gomes das Virgens, 18, e Caique Bastos dos Santos, 16; Evson Pereira dos Santos, 27, e Agenor Vitalino dos Santos Neto, 19; Natanael de Jesus Costa, 17, e Ricardo Vilas Boas Silva, 27; e Rodrigo Martins Oliveira, 17.

AS ETAPAS

  1. Estudos literários: Compor 12 oriki’s. (Começando)

  2. Criar material de vídeo.

  3. Criação de 12 quartos.

  4. Estudos sonoros: composição sonora a partir dos 12 oriki’s

 

Cada etapa é complexa e extensa, e exige um tempo de criação autônomo.

Contudo, esse projeto é impossível de se realizar em Salvador-BA, devido a possível perseguição policial.

When I was a child and when I was a teenager, when I lived in the periphery of Salvador, in the community of Alagados, I lost many friends murdered in the drug war in Brazil. If you are a black man in Brazil and managed to surpass age 29, you are a survivor of a plan to exterminate the black population.

In 2015, in Salvador, in the district of Cabula, 12 black youths were murdered by policeman in the State of Bahia. None of the young men was a bandit or had a police pass, and even if they had, it does not justify a slaughter. The police attack was a rematch with the neighborhood itself, because in another police action in the Cabula, one of the officers had been shot in the confrontation with traffickers. All the police officers were acquitted. The case of the slaughter would be federalized, but one of the impediments was the coup of 2016 against the government of Dilma Rousseff. Today, the government of Jair Bolsonaro, who supports the genocide of the black population in Brazil, is this impediment.

My intention is to create an artistic installation with 12 rooms, one for each of these young people, showing how they lived, not how they died, not about the slaughter, through the structure of the oríkì. Remembering that the oríkì is the greeting of an existence, of a consciousness, black presences. The idea of a saint's room comes from how in the Afro-Brazilian religion, candomblé, the ancestors and orixás are saluted. My purpose is to shift these existences from the idea of numbers to of lives. They are: Adriano de Souza Guimarães, 21 years old; Jeferson Pereira dos Santos, 22, João Luís Pereira Rodrigues, 21, Bruno Pires do Nascimento, 19, Vitor Amorim de Araújo, 19; Tiago Gomes das Virgens, 18, and Caique Bastos dos Santos, 16; Evson Pereira dos Santos, 27, and Agenor Vitalino dos Santos Neto, 19; Natanael de Jesus Costa, 17, and Ricardo Vilas Boas Silva, 27; and Rodrigo Martins Oliveira, 17.

 

THE STAGES

1. Literary Studies: composing 12 oriki's. (Getting Started)

2. Create video material.

3. Creation of 12 rooms.

4. Sound studies: sound composition of the 12 oriki's

 

Each stage is complex and requires an autonomous creation time.

 

However, this project is impossible to carry out in Salvador-BA, due to possible persecution and police repression.

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