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L A B O R

A T Ó R I O

I N T E R

N A C I O N A L

D E

C R I O U L O

I N T E R

N A T I O N A L

C R E O L E

L A B O

A T O R Y

Começando a rememoração, a ideia deste projeto artístico surge com a minha dificuldade em aprender novos idiomas, o que talvez tenha haver com o grau de dislexia que possuo. Nos últimos anos, devido a minha última obra, QUASEILHAS (primeira obra autoral em idioma africano no Brasil, o yorùbá), minha relação com artistas de outros países têm aumentando e, neste processo, e também em mesma medida, a pressão de se aprender inglês como idioma que encurta sua relação com o mundo, com outras ideias e poéticas. Por causa de minha dislexia, tive muito trabalho em aprender a língua portuguesa a ponto de, felizmente, o próprio aprendizado me introduzir a arte, sendo a produção escrita minha primeira expressão, não só como artista, mas como presença no mundo. Meu próprio interesse em aprender yorùbá, idioma de minhas ancestrais, intensificado por QUASEILHAS, vi como resposta a pressão de se aprender inglês. Uma performance íntima de colocar os idiomas em disputa no espaço da prioridade. O inglês e o yorùbá, seriam pois a metonímia da relação EuXMundo.

Contudo, a relação entre o eu e o mundo que o circunda, na experiência de um afro-brasileiro, é uma relação do trauma, não seria diferente com o idioma. O português brasileiro, por exemplo, é o resultado de um processo avançado de descrioulização. É um idioma nascido da violência da colonização. O idioma inglês, o espanhol, o francês, o alemão em terras americanas e africanas, com suas variações ou línguas crioulas que tiveram as línguas europeias como base (“língua de prestígio”), são línguas nascidas da violência e do trauma. Esses modos de comunicação geraram uma psiquê que também nasceu da violência ou do trauma.

Em minha família materna, até a geração de minha avó, as pessoas se comunicavam num idioma crioulo que era chamado de Trocar Língua. Era um idioma unia duas línguas bases: o português e o yorùbá. Esse modo de comunicação morre, depois da geração de minha avó, e, segundo ela, era um idioma doméstico, de convivência familiar. Quando minha avó disse isso, imaginei como criar um idioma que não tenha nascido do trauma?

Assim nasce o motivo de criar o Laboratório Internacional de Crioulo. Com a intenção de criar um idioma que não nasça do trauma e da violência.

 

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ATTENTION.EVERYTHING.HERE.IS.A.CRIOULO.INVENTED.ON.THE.GROUND.BETWEEN.ME.YOU.AND.THE.TRANSLATOR.GOOGLE
 

Starting with the recollection, the idea of ​​this artistic project arises with my difficulty in learning new languages, which may have to do with the degree of dyslexia I have. In the last few years, due to my last work, QUASEILHAS (first authorial work in African language in Brazil, Yorùbá), my relationship with artists from other countries has increased and, in this process, and also to the same extent, the pressure to learn English as a language that shortens your relationship with the world, with other ideas and poetics (this pressure is heightened at the moment that between you and me there is the google translator). Because of my dyslexia, I had a lot of work in learning the Portuguese language to the point that, fortunately, learning itself introduced me to art, with written production being my first expression, not only as an artist, but as a presence in the world. My own interest in learning Yorùbá, my ancestors' language, intensified by QUASEILHAS, I saw in response the pressure to learn English. An intimate performance of putting the disputed languages ​​in the priority space. English and Yorùbá, therefore, would be the metonym of the meXworld relationship.

 However, the relationship between the self and the world that surrounds it, in the experience of an Afro-Brazilian, is a relationship of trauma, it would not be different with the language. Brazilian Portuguese, for example, is the result of an advanced process of de-creolization. It is a language born from the violence of colonization. The English language, Spanish, French, German in American and African lands, with their variations or Creole languages that were based on European languages ("prestigious language"), are languages born of violence and trauma. These modes of communication generated a psyche that was also born out of violence or trauma.

In my maternal family, until my grandmother's generation, people communicated in a Creole language that was called Change Language (Trocar Língua). It was a language that united two base languages: Portuguese and Yorùbá. This mode of communication dies, after my grandmother's generation, and, according to her, it was a domestic language, of family coexistence. My grandmother said, "Suddenly, Mom started to change languages and everyone started to understand each other." When my grandmother said this, did I imagine how to create a language that was not born out of trauma?

Thus, the idea of creating the International Creole Laboratory was born. With the intention of creating a language that is not born from trauma and violence.

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